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Meia Noite de Verão


Assoprei o café da meia noite, estas horas nocturnas de verão já não têm o calor que outrora tiveram e tive que ir buscar aquela manta ao xadrez que recebi no natal passado e que achei que nunca lhe daria uso. O Miguel Araújo toca em replay a "Recantiga" e tento acompanhar os violinos com um assobio.



Já passou muito tempo desde que aqui vim parar, sinto saudades e alívio ao mesmo tempo. A ausência significa que não preciso, que já passou, que acabou.
Nem sempre o coração fica com feridas por sarar, nem sempre tudo é para sempre, seja o amor ou o sofrimento. E ainda bem, não é? 
De que vale parar no tempo, convocar deuses do esquecimento se é mais fácil cair no erro para mais tarde recomeçar? Aprendi isso da melhor maneira. Não, não me enganei, foi mesmo da melhor maneira. É mais fácil usar o mal que nos aconteceu para devagar, devagarinho, chegar ao ponto de partida. Acho que já lá cheguei.
Talvez, se as minhas paredes falassem, se a minha almofada se queixasse, se as minhas unhas não fossem disfarçadas com verniz verde-água, talvez, as pessoas saberiam todas aquelas coisas tontas que eu digo e me arrependo, que eu penso e repenso. Felizmente não, assim posso guardá-las e fazer de conta que nunca aconteceu.
O café já arrefeceu e o Araújo diz que ''era de repente o rio, num só rodopio a subir o monte, e a correr contra a corrente, assim de trás para a frente, a voltar à fonte'', e só por isso, já valeu a pena voltar aqui, ao ponto de partida.




Sem-nome.

Era estranho como o sol teimava em não aparecer por trás das nuvens, volta e meia sentia-se um raio mais quente mas decididamente era ''sol de pouca dura''. Ao mesmo tempo, a água só chegava a meio caminho das minhas pernas, tinha-me sentado à beira-mar para ganhar coragem e dar o mergulho do dia, mas as ondas perdiam a força à medida que o tempo passava e os rochedos já se viam.
Mas o sol apareceu. Sentou-se ao meu lado e não disse o nome. Também não perguntou o meu. Estávamos quites.
Possivelmente um metro e setenta e cinco de pele morena, olhos grandes e sorriso tranquilo. Transpirava serenidade e é assim que facilmente se confia em alguém que não te diz o seu nome. Sei que não é dali, veio atrás de um sonho (também não sei qual) mas ainda não o concretizou. Espero que concretize um dia. Tem um sotaque que desconheço e umas expressões engraçadas. Quando se ri, e fê-lo muitas vezes, acentua uma ruga que tem por cima do nariz. Percebi que é o filho mais novo, supostamente o protegido, aquele que todos querem trazer ao colo e mimam ao máximo, mas quis ser diferente. Está a ser diferente. Gosta de surf mas nunca experimentou. Bebe sumo de maracujá. Como assim, também bebe sumo de maracujá?! A minha mãe diz que qualquer dia o meu fígado salta-me pela boca pelas quantidades que bebo deste sumo, assim já seremos dois. 
Parou de estudar e demorou a dizer 'comunicação organizacional' sem se engasgar. Ri-me. E a ruga por cima do nariz voltou a aparecer. Desconfio que seja um coração mole, e fiquei com a impressão de que é conhecido na zona, umas quantas crianças já se vieram meter na conversa. Adora Rui Veloso, coincidências. Não sabe nem estrelar um ovo. Se pudesse mudava-se para Itália. Deve ter um complexo qualquer com os pêlos das pernas, não pára de mexer neles, ao mesmo tempo que, como eu, faz buracos na areia com os pés. Não pode ser nervosismo. Não o é, somos dois estranhos, não devemos nada um ao outro, podemos ser o que quisermos um para o outro. Talvez até podia chamar-me Matilde, ou Maria Francisca. Quem sabe, até posso ser mesmo Joana. Ele pode ser Miguel ou Afonso. Até mesmo João.
Levantou-se e não dei pelo tempo passar pois o sol já se estava a pôr e os rochedos estavam completamente à mostra. 
Não disse o seu nome e não perguntou o meu.


- Eram quatro cafés, por favor. - disse tentando mostrar que éramos perfeitos desconhecidos.
- Não estiveram a falar na praia? - perguntaram.
Olhei para o balcão, vi a ruga aparecer e respondi:
- Não.

Título

Cai uma lágrima e limpo o rosto. Logo de seguida outra, volto a limpar. Tudo se repete e desisto. Deixo-as correr da mesma forma que o Mondego corre à minha frente, livres. 
Ao mesmo tempo sinto uma dor no peito que dificulta a respiração, deve-se assemelhar a ter um elefante sentado em cima dos pulmões, mas rapidamente alguém diz ''isso é asma''. Solto uma gargalhada. Talvez passados quase 21 anos venha a descobrir que todas as dores de peito não eram provocadas pela angústia mas sim pela asma, talvez fosse mais fácil de aceitar.
Inspiro, expiro. Apercebo-me que nunca antes o título que escolhi para este canto de palavra carregadas de um mundo ás costas fizera tanto sentido. Guarda só o que é bom de guardar. Ficam as manhãs de chuva, as luzinhas de natal, as migalhas de um quase tudo indescritível. 
''Nem sempre a vida corre como queremos. Ás vezes podemos ganhar, às vezes perdemos, às vezes nem sabemos se ganhámos ou se perdemos. Deixa ficar a certeza daquilo que te fez feliz. Ás vezes somos felizes, ás vezes não somos. Mas acabaremos sempre por ser, mais cedo ou mais tarde. Mas se a felicidade esteve por aí, deixa-a ficar num lugar seguro e não voltes lá nos próximos tempos, não olhes para trás.'' Limpou-me as lágrimas roubando-lhes toda a liberdade que lhes tinha dado. Existe mais uma que teima em cair. E então insiste, limpa novamente. ''Não esperes que toda a gente marque pontos positivos a toda a hora. As horas passam, mas haverão outras para passar. Não esperes que o mundo fique a torcer por ti, eu fico, tu ficas, mais meia dúzia de pessoas ficarão, mas nem sempre resulta. Nem tudo está destinado. Abanas mas não cais.''
Engoli em seco todas aquelas palavras e decidi que um dia começaria a escrever em pequenos papéis todos os momentos bons que vou passando e guardá-los-ia num frasco, para que mais tarde, enquanto as horas passam e quando o elefante se levantar do meu peito ou a asma me der tréguas, eu os leia e saiba guardar só o que é bom de guardar.


Ligações invisíveis


- O que é se passa afinal?
- Na... Nada. - a voz voltou a falhar.
- Nada? - procurou uma confirmação.
- Sim, nada!


Achei que tinha sido convincente.

- Eu sei o quanto o teu ''nada'' tantas e tantas vezes significa tudo. Eu sei. Eu vejo as olheiras carregadas que são o resultado de todas as voltas que dás na cama antes de adormecer, eu oiço. O armário dos chocolates também tem sido mais assaltado do que o costume. No outro dia perguntei se querias ir ás compras e encolheste os braços. Já não te oiço cantar tantas vezes nem mesmo no banho. Fiz Red Fish para o jantar e nem reclamaste. A tua irmã pediu-te emprestado aquele vestido que adoras e sem a mínima briga disseste ''está bem''.
Que não queiras deitar isso cá para fora, tudo bem, mas não tentes convencer-te a ti mesma que não é nada. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe-te decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar.
Não esperes que a vida melhore só porque trazes esse peso nos ombros, o sorriso apagado e no teu interior desejas que tudo mude. - deu-me um beijo na testa e fechou a porta.

Quando acordei ao outro dia, tinha em cima da mesa da sala um bilhete ''Fui ás compras, acabou-se o chocolate de avelãs e posso precisar dele esta noite enquanto as horas passam e finjo que vejo séries. Aproveita e liga o rádio, com sorte dá a tua música preferida. Quanto ao almoço, pensei em Francesinhas, ajudas-me? Ps: a tua irmã meteu uma nódoa no vestido azul, acho que não vai sair.'' Naquele preciso momento agarrei no telemóvel e procurei o nome ''Mana'', ela ia ouvir-me.




Areias movediças



Sentei-me pela primeira vez este ano na areia. Senti aquilo que o Verão tem de melhor: a brisa do mar, o cheiro a protector solar e o calor da saudade. Quase que me esquecia de como era...
Desejei que aqui estivesses, que sentisses comigo aquela dor que a areia teima em infligir nos pés, que reclamasses comigo por encher a tua toalha com essa mesma areia, que fizesses de mim uma torrada de creme enquanto me dás um sermão sobre escaldões. Tem piada, logo de manhã apanhei um... Foi o primeiro sinal de que não estavas aqui.


Na verdade, já não estás há alguns dias, talvez semanas... Mas prometeste que estarias sempre comigo, lembraste? As promessas foram feitas para serem cumpridas e a tua falta já é notada.
Quando entrei na água foi um choque e comparei-o com algumas situações que teimam em não me sair da cabeça. Primeiro estranha-se, depois entranha-se, é o que dizem... Mas eu não quero que se entranhe, isso significaria aceitar sem luta as rasteiras da vida.
Pergunto-me quantas vezes vou ter de pensar no mesmo, desejar o mesmo, trabalhar para o mesmo enquanto sinto que há areias movediças que me puxam para baixo.
Há coisas que não fazem sentido, e no entretanto já enchi a minha toalha de areia, outra vez.
O sol começa a pôr-se, ficam as pegadas das longas caminhadas à beira-mar, ficam os pensamentos de um dia de distracção ilusória e só não fica a certeza de melhorias.
Mas, aprendi que para todo o fim há um recomeço, nem sempre como queremos, quando queremos e com quem queremos; é como o choque de entrar dentro de água, por muito que saibamos que vai custar, tentamos a primeira vez, a segunda e à terceira é de cabeça sem pensar no frio que nos vai congelar os movimentos e os sentidos.
Tenho pessoas a olhar para mim, as folhas vão ficando salpicadas com gotas salgadas e a areia confunde-se com a tinta da caneta; e do nada uma bola toca-me nas costas e alguém diz ''Desculpa, não te queria desconcentrar... Continua.''. Sorri e o sorriso foi-me devolvido de imediato.
''Continua'', pensei eu; não podia ter pedido nem mais nem menos.
Sacudo a toalha, tiro-lhe todas as areias, e com elas as mágoas que tenho carregado. 
Amanhã não haverá praia, mas haverá sempre a esperança de um recomeço.

Seis e seis

''Tu olhas para uma pessoa, uma pessoa que sabes que não é uma pessoa qualquer, porque o teu olhar fixa-se nela e quando ela olha para ti e sente o mesmo que tu, sentes que alguma coisa vai acontecer. Não sabes nada ainda, mas intuis, intuis com os teus sentidos, com o teu corpo e às vezes com o teu coração que aquela pessoa pode ter qualquer coisa para te dar, que não sabes o que é, mas sabes que um dia vais descobrir e que esse dia pode ser nesse momento, e é então que tiras os dados do bolso e os lanças para cima da mesa. Quando nos interessamos por alguém, nunca sabemos no que vai dar. Lançamos os dados como quem os deixa cair quase por acaso e muitas vezes nem queremos saber quanto deram: um e um, dois e quatro, três e três, cinco e dois, é sempre um mistério, porque a sorte também manda na vida, manda mais do que queríamos e menos do que gostávamos, por isso desconfiamos dela sempre que nos é favorável, mas aceitamos as suas traições como a ordem natural das coisas, por mais absurdas que sejam.Os dados caíram quando levantaste o copo e eu vi no chão seis e seis, vi-te a apanhar os dados e a rir, ouvi a tua voz e quando começámos a conversar, percebi que os dados estavam certos. Gostamos de tudo um no outro; eu gosto da tua casa, da tua música, da tua forma desligada de olhar para o mundo, tardes inteiras a repetir em stereo os melhores sketches do Gato Fedorento, os passeios à beira mar de camisola de lã com capuz, as polaroids com legendas e a forma como te divertes com tudo o que te rodeia. E tu gostas da minha alegria de viver, do meu sarcasmo cirúrgico, de dizer sempre tudo o que penso,sinto e quero, mesmo quando não estás preparado para me ouvir. Eu gosto de te conhecer e de te perceber, porque és diferente dos outros homens e tu gostas que eu te entenda melhor do que as todas as mulheres. E gostamos de estar um com o outro; à mesa, em casa, com amigos, sem amigos, com sono, sem sono, mas sempre perto quando estamos perto, mesmo que fiquemos longe quando nos afastamos. Acredito que todos temos direito a ter sorte e que, quando alguém aparece na nossa vida de repente, ou é porque nos vai fazer bem ou é porque nos pode fazer mal. E eu vi-te com bons olhos desde o primeiro momento, achei que me ias ajudar a limpar a tristeza, que a tua presença quase imperceptível na minha vida seria como um bálsamo, uma música perfeita e harmoniosa, um dia ao sol, ou uma noite em branco, daquelas que nos fazem pensar que a vida está cheia de surpresas boas e que vale mesmo a pena estar vivo, só para as saborear.Tu foste e és tudo isto, e ainda mais agora, que somos amigos; entre nós não há pesos nem amarras e o silêncio não quer dizer ausência, apesar da ausência reinar nos nossos dias. Quando lançamos os dados, nunca sabemos no que vai dar; tu podias ser um assassino encapotado e eu uma neurótica disfarçada, mas tivemos sorte, porque somos duas pessoas normais, com coração, e dois ou três princípios que nos fazem estar bem com a vida e com os outros.Só tenho pena de não ser dona do tempo, porque houve momentos que, se pudesse, teria vivido mais vezes ou mais devagar, como quem saboreia um chá de menta, ao fim da tarde, no largo da Igreja a ouvir os sinos. E como escrever é a melhor forma de falar sem ser interrompido, digo-te agora e sem rodeios, fica comigo mais uma vez, vem rir do mundo e adormecer nos meus braços, abrir o teu coração e sonhar acordado, vem ter comigo hoje, porque eu quero lançar outra vez os dados e aposto que vai dar seis e seis outra vez, porque os dados nunca se enganam e a amizade é o amor sem preço e sem prazo de validade.''

O toque.

Entrei dentro do consultório convicta do que ia fazer. Parecia ser a única solução para guardar todas as memórias que até então eram pequenos-tudo na minha vida.
Chamam-lhe o Cofre das Emoções. Basicamente escreves num papel muito fino e com caneta dourada todos aqueles momentos que foram bons demais para esquecer, para que um dia, quando assim for seguro, voltares e levá-los para casa sem ressentimentos ou mágoa.
O almoço de domingo em família que com a maior subtileza se apresentam pessoas às Pessoas.
O passeio na praia, não no verão, mas no inverno, onde quilómetros de areia se mostram mais solitários que  um de nós quando estamos separados.
O acordar no sofá da sala depois de uma noite de cinema, eu sei, a culpa é minha, sou eu que adormeço sempre a meio. 
O casamento daquela prima afastada que todos pensavam que nunca se ia casar (fui eu que apanhei as flores, devias começar a procurar um anel bonito).
O jantar de comida chinesa, sempre delirei com arroz chau-chau e chips de camarão.
A viagem ao Brasil.
O pequeno almoço na cama, café com leite para ti, café simples para mim.
O concerto do Ed Sheeran, na primeira fila, à espera que toque a ''Give me love'' quantas vezes eu quiser.
A noite em que ganhas um prémio com mais de três zeros.
A discussão para ver quem apaga a luz (no filme Ps: I love you, numa das primeiras cartas que o Gerry escreveu à Holly, pede-lhe que compre um candeeiro para a mesa de cabeceira, evitariam-se discussões e nódoas negras nos dedos dos pés por todas as vezes que batia na cama quando voltava às escuras - se nunca viste o filme, vê já).
A tarde de compras, revelaste-te pior do que eu, mas não são novidades.
O amanhecer de uma noite de conversas, nunca antes o nascer do sol parecera tão pacífico...
A pessoa da bata branca e ar infeliz pede-me as folhas e faz-me assinar um termo de responsabilidade em que a primeira frase dizia ''Eu (espaço para preencher), responsabilizo-me por guardar a sete chaves as memórias que outrora me fizeram feliz, comprometendo-me a vir buscá-las apenas e só quando o dia de depois de amanhã for seguro.'' E pensei ''o que é um dia seguro?'', quem me diz a mim que não é amanhã que o meu telemóvel toca aquando de receber aquele testamento que acaba com um simples ''vamos recomeçar.''? 
Apercebo-me que nunca tinha vivido nada do que tinha escrito, talvez a minha mão tivesse ganho vida própria e me quisesse mostrar o que ainda estava para vir.
Saí do consultório convicta de que não voltaria lá, aquelas não eram as memórias que eu queria guardar, são os pequenos-tudo que eu ainda tenho de viver e que me farão feliz quando o meu telemóvel tocar.


''Coisa''

"-Sabes uma coisa sem nome nem regras que se insinua dentro de nós? Uma coisa que se nos cola ás costelas, que não pede nada, que não espera nada, que não exige nada,  simplesmente é. Uma coisa de que não é preciso falar porque fala por nós. Uma coisa tão sublime e rara, tão visceral, tão intensa e ao mesmo momento calma e silenciosa. Um acordo tácito, por assim dizer. Um acordo tácito que nenhum dos dois pode atraiçoar sem que haja, pelo menos, um tufão, um ciclone, um tremor de terra, um tsunami. Sem que o céu se abra para nos anunciar o fim do mundo. Não havia compromisso nenhum, apenas esta coisa invisível que nos ligava. Apenas este... esta força misteriosa, secreta, só nossa." Rosa Lobato Faria em As Esquinas do Tempo

A vida é tão rara.

Sentei-me na cama e pedi à lua que me iluminasse bem o papel, queria escrever, escrever sem parar. Escreve a obra da minha vida. O texto que fizesse chorar as pedras da calçada. Da alma para o papel. 
E foi então que pensei que para escrever algo que fizesse justiça a tudo isso, teria de escrever sobre ti, sobre nós.
Já não escreveria sobre o que se passou, sobre o passado, mas sim sobre um futuro que poderia ser O futuro. E tudo começou a surgir... Na minha cabeça passavam-se cenas em modo de filme, as cores e os brilhos compunham-se numa sintonia perfeita e conseguia ver-nos de mão dada a conquistar passo a passo uma vida.
Uma melga picou-me e perdi toda a concentração desse momento cinematográfico e foi aí que percebi que no dia-a-dia é assim mesmo. Estás focada num sentido, naquilo que queres para ti e do modo como o vais conseguir, mas alguma coisa te desconcentra e perdes o norte. 
Sou uma pessoa que muito dificilmente perde o seu sentido, mas quando perde, é a sério. E sou assim porque quero planear a vida ao segundo, não quero ter surpresas desagradáveis pelo caminho, não quero ir na rua de saltos e um deles se partir e perder toda a elegância com que tinha saído de casa. 
E planeei essa elegância a dois, durante meses a fio via à minha frente o mundo a girar a meu favor, conspirando a nossa favor.
Como que num golpe de pouca sorte tudo se desmoronou, bastaram cinco segundos de uma loucura insana com palavras sem sentido na minha cabeça para perceber que também o mundo conspira contra nós mesmo quando parecia estar a fazer o contrário.
Levanto-me rasgo os papéis que já tinha escrito e atiro-os para o lixo. 
Recomeço.
Penso nos imprevistos, e nos não imprevistos. E só me consigo lembrar de uma mão a apertar a minha, de um nariz a procurar um cheiro característico, de uma lágrima que teima em cair e nesse preciso momento passa na rádio uma música que fez parar o tempo e apercebi-me que não preciso de escrever a obra da minha vida que faria chorar as pedras da calçada... Eu estou a vivê-la.


"Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

A vida não pára...

E quando o tempo acelera e pede pressa
Eu recuso faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara...
E quando todo o mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo que me falta para perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber, a vida é tão rara
Tão rara..."

Madrugadas Incertas

São 03:15h.
Parece que algo mudou, tens nos ombros o peso de uma mudança incerta.
Sentes que para aquela pessoa não tens mais o brilho que outrora tiveste, que já não é a ti que ela quer preparar o almoço para depois te acordar entre cócegas e beijos roubados enquanto te chama de dorminhoca, sabes que já não é o teu número que vai receber uma mensagem de bom dia só para te lembrar que acordou a pensar em ti ou uma de boa noite para que nas entrelinhas leias que a tua almofada devia estar ao seu lado.
É aí que vem a incerteza. A procura de respostas a perguntas que aparecem a mil de todos os lados. O que foi que correu mal? O que é que faltou? O que esteve a mais? (As pessoas esquecem-se facilmente que tudo tem de ter conta e medida, e preocupar por excesso, perguntar em excesso, estar lá por excesso, por vezes cria o defeito.) O que te vai na cabeça? Aliás, no coração? 
São 03:32h.
Deito-me e é entre lençóis e aquele arrepio nas costas que estas perguntas vão surgindo, que te apercebes que quem diz que o coração não dói é porque nunca sentiu que perdeu algo verdadeiro. Mas eu sinto, é aquilo que pensas. E continuo a sentir ou já estaria a dormir. Dou mais uma volta na cama. E outra. E outra, e outra, e outra. Por esta altura já tenho calor, puxo os lençóis para trás e lembro-me das vezes em que fui a culpada de uma cama desajeitada ou porque eu tinha calor e tu frio ou simplesmente porque fazer isso te chateava e eu achava piada.
Nem vale a pena entrar por aí, se fosse dizer todas as coisas em que te achava piada, no topo da lista estaria talvez a forma preocupada de arranjar o cabelo, a persistência para ter o toque certo. Talvez por isso, a altura do dia em que gostava mais do teu cabelo fosse ao acordar, ganhava o seu jeito mais natural que conjugado com olhos meios fechados e a voz rouca de quem já dormiu muito, fazia de ti a pessoa mais irresistível que já conheci.
Puxo a almofada talvez numa tentativa de te encontrar pelo meio e pergunto-me como serão os próximos dias.
São 03:49h.
Lembro-me exactamente do primeiro dia que te vi, a primeira vez que falámos, lembro-me de enquanto dormias olhar para ti e pensar ''É ele.''. E continuo a pensar. És tu. Quero que sejas e continues a ser. Com todo o teu ar misterioso de homem que esconde uma idade madura, com o ar de quem me tenta proteger de tudo o que pensas que pode me tirar o sono, com essa forma demasiada ajeitada que tens de viver a vida.
Aprendi que fazer planos para o futuro só vale a pena se passarem por escolher que doces te vou obrigar a comer ou que filme vamos ver no próximo serão, planear os próximos meses de nada nos vale se temos um amanhã incerto à nossa espera.
Li uma vez num livro que só há uma forma de prender aqueles que mais amamos: largá-los, deixá-los ir para onde eles quiserem, que se gostam de nós voltam sempre.
São 04:39h.
As horas voam e dou mais uma volta na cama. Acho que adormeci por alguns minutos e enquanto sonhava ouvia uma voz dizer "Acredita, todos os dias eu escolho não me apaixonar por ti. Só não tenho culpa se o meu coração é tão desobediente''.
O despertador toca e quase que consigo sentir a incerteza de um dia incerto.

O que é?


É um vazio interior, um desgaste a cada instante, uma fraqueza incompreensível. 
É o dia-a-dia e a falta dele. A cama vazia e o frio nos ombros que anuncia a ausência de alguém.

Primeiro estranha-se, depois entranha-se.
É o sentido de desorientação e as noites em claro, é um aperto no peito e uma angústia gigante.
É o querer e não ter a cada instante, é a mão solta e a voz a falhar.
A pergunta acaba por ser: o que é isto?


"Se me aproximar devagar, será que vais fugir?
Ou se vou conseguir mais um tempo ao teu lado?
Para te entreter mais um pouco ou te fazer sorrir
Para ti ou pelo sonho vamos juntos viajar.
Medo é desculpa em leve chuva
E querer morrer de amor não é história de outro tempo. (...)
Se fingir não querer 
Pode ser que não te entregue esta leve dor em tom de chuva
Por não querer fugir
Por ti ou pelo sonho não consigo desprender
Medo é fraqueza como nuvem
E querer morrer de amor nunca é história de outro tempo
Mas se formos novos de novo
Mas se formos juntos
Vamos poder respirar."* Tiago Bettencourt

Razão & Coração

Há um vazio entre a boca e o coração talvez para que haja espaço suficiente para se saber o que se dizer quando esse órgão teima em falar mais alto que a razão. Deve ser um tipo de filtro natural que o corpo humano criou após longas jornadas de lutas psicológicas que o mundo travou desde a sua criação.
Mas depois, existem ''pessoas com o coração na voz'', aquilo a que se chamam os ''reféns de emoção''. Conheço poucos, infelizmente. E ainda hoje não sei se me encontro dentro desse leque de seres que vive assim mesmo, do coração para a boca, sem pensar, sem hesitar, sem disfarçar. 
Afinal, é o que meio mundo faz, disfarça. Disfarça aquilo que o coração diz para depois dar prioridade à razão. 
Porquê? "Vivemos numa sociedade que despreza os afectos, troça deles, acha-os lamechas, mas na escola devíamos estudar geometria emocional,aprender a reconhecer e valorizar as nossas emoções, respeitar sentimentos e a desenhar com eles uma constelação onde as várias forças se equilibrassem para nos permitirem sermos mais livres e autónomos, mais responsáveis e orgulhosos das nossas particularidades." in "apresentação de Ana Zanatti", livro do "Alta Definição"

Reflexões nocturnas

''É preciso sabermos sempre quando uma etapa chega ao final, se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.(...) Podes passar muito tempo a perguntar por que é que isso aconteceu....
Podes dizer para ti mesmo que não darás mais um passo enquanto não entenderes as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas na tua vida e que subitamente foram transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos. Todos estarão a encerrar capítulos, a virar a folha, seguindo em frente e todos sofrerão ao ver que tu estás parado. 


Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco. 
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está a acontecer no nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. 
Ninguém está a jogar nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não esperes que devolvam algo, não esperes que reconheçam o teu esforço, que descubram o teu génio, que entendam o teu amor. Pára de ligar a tua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como tu sofreste com determinada perda: isso estará apenas envenenando e nada mais. (...)
Antes de começares um capítulo novo, é preciso terminares o antigo: diz a ti mesmo que o que passou, jamais voltará! Lembra-te de que houve uma época em que podias viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na tua vida.
Fecha a porta, muda o disco, limpa a casa, sacode a poeira. Deixe de ser quem eras, e transforma-te em quem és. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és.
E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão."

Dias de chuva.

Nunca percebi se os dias de chuva servem apenas para nos deixar em modo lento, com os pés gelados e de pijama o tempo todo ou se têm segundas intenções. 
Por vezes, e se assim for possível, servem para andar de mãos dadas entre as pingas, numa dança de jogo do gato e do rato, entre beijos e abraços, ou então, exactamente o contrário, e ficamos reféns do sofá, com comédias românticas em replay e uma boa dose de chocolates.
São dias perfeitos para aproximar ou afastar. 
São dias perfeitos para engordar aqueles quilos que perdemos na última aula de zumba.
São dias perfeitos para decorar aquela música que ainda não parou de tocar na tua cabeça.
São dias em que o coração aperta a cada rajada de vento que bate na janela, e que quando ouves a chuva cair no seu parapeito, quase que te consegues ouvir a pensar. Pensar, será certamente esse o maior problema que nos vai perseguir até sermos capazes de o fazer. É assim que acontecem grandes coisas, ou então, que não acontece nada por tanto se pensar. Pensa-se nos prós e nos contras, nos 'se's e em tudo aquilo que está em jogo, estabelece-se uma relação directa com tudo o que pode correr mal e isso, falará sempre mais alto. 
Complicómetro, é o que gosto de lhe chamar. Quase como se fosse um relógio de bolso ou aquela malinha da maquilhagem para os momentos de improviso e que teimamos em usar a toda a hora.
Desliga o complicómetro, a vida é demasiado rápida para medir as consequências de cada acção. Não percas tempo com aquilo que te pode fazer perder esse tempo mesmo. Esse tempo, que serviria para tanta coisa, incluindo o jogo do gato e do rato entre as pingas da chuva.

"São dias perfeitos para decorar aquela música que ainda não parou de tocar na tua cabeça.":

"Give me love like never before
'Cause lately I've been craving more
And it's been a while but I still feel the same
Maybe I should let you go
You know I'll fight my corner
(...)
Give a little time to me or burn this out
We'll play hide and seek to turn this around
All I want is the taste that your lips allow"

Epifania, João Seilá


"E agora que aqui te tenho
  E que sem querer me tens a mim
  Hei-de agarrar-te enquanto houver força 
  Hei-de agarrar-te até ao fim

  Se acordares noutro lugar
  Eu nem que fuja daqui
  Se fores para a lua
  Eu vou atrás de ti" 

Fica aqui

''Tem dias que eu acordo pensando em você, 
em fracção de segundos vejo o mundo desabar''


O sol já nasceu e olho para ti, ali deitado, de barriga para baixo com a tranquilidade de um sono profundo. Puxo a minha almofada para ficar colada à tua, e reparando na tua barba descuidada e nos teus ombros, que são de longe, os mais perfeitos que alguma vez vi,  sinto-te respirar, e relembro apenas os momentos em que ficas aqui por aqui, raptado e aprisionado ao que nos une. Quando chegaste com um caixa de chocolates disfarçada dentro de um embrulho Toys "R" Us, e disseste que tinhas o presente ideal para a criança mais crescida que algumas vez conheceste; quando depois de um dia de trabalho e já cansado, conduziste duas horas para me levares a ver o pôr-do-sol à praia da tua vida; quando eu te liguei inundada em lágrimas mas sem saber a razão para tal e cheguei a casa e tinha a banheira com espuma até acima e um bilhete a dizer ''Relaxa, dias melhores virão!".
Sempre que ficas, o mundo torna-se um sítio melhor, o sítio onde eu quero passar o resto da minha vida. Sim, já te disse que ficava contigo a vida toda. Troca o "era uma vez" por o "é desta vez".


"Eu troco minha paz por um beijo seu
Eu troco meu destino pra viver o seu
Eu troco minha cama pra dormir na sua
Eu troco mil estrelas pra te dar a lua
E tudo que você quiser
E se você quiser, te dou meu sobrenome"

É o que tem de ser

"Não foi curiosidade. Foi desejo. Foi um choque eléctrico surpreendente, desses que te deixa com o corpo arrepiado, o coração acelerado e o cabelo em pé. Foi sentimento. Não foi planeado, nem premeditado. Foi só um querer estar perto e cuidar. Foi um lance de corpo, um lance de alma. Foram os olhos, os sorrisos, o jeito de andar, foram as palavras. Uma saudade e uma urgência daquilo que nunca se teve mas era como se já tivesse tido antes. Foi amor. É amor."

Bonança

Todos os dias volto aquele jardim de mão dada com a incerteza.
Da primeira vez, o sol era quente, aquecia-me os braços e uns minutos depois, o coração. Lá estavas tu, sentado no banco de madeira, com uma pose de quem carrega aos ombros uma vida de desgostos, a fumar um cigarro sem fim. E todos os dias a seguir a este, lá estavas tu, uma vez, e outra vez.
Nunca te tinha visto um sorriso ou ouvido uma palavra sequer, sempre solitário e com um ar misterioso não deixavas margem para me aproximar. O improvável encarregou-se de nos juntar numa circunstância engraçada, e pela primeira vez, a tua expressão facial mudou, e num movimento de contracção muscular da boca e dos olhos, eu vi que também tu sabias sorrir.
Após isto, descobri em ti aquilo a que chamam uma raridade. Não sei de que és feito, quais são os teus sonhos, nem a tua comida preferida, mas sei aquilo que me dás, e dás-me muito, todos os dias, um bocadinho mais ainda. Dás-me esperança, dás-me carinho, dás-me risos, dás-me calor, dás-me vida.
Agora vais ficando por perto, sempre de cigarro na mão, pronto para me dar mais.
Desconfio sempre quando a vida nos dá mais do que aquilo que pedimos, mas desta vez não vou questionar, não vou hesitar nem complicar.
Todos os dias voltamos juntos aquele jardim, de mão dada.

Cúmplices de escrita

Ao ler um blog que sigo com a maior dedicação, deparo-me com a descrição perfeita de interrogações que qualquer pessoa minimamente inteligente, com dois dedos de testa e um coração questiona...
Dizia assim:


"-Achas que temos o que é preciso para sermos felizes?
(Silêncio)
-Tu és o que preciso para ser feliz.
(Sorriso)
-E quem me garante que amanhã não mudas de ideias? Quem me garante que daqui a alguns anos não sou o teu passado?
-Quem te garante que daqui a alguns anos não és o grande amor da minha vida?
São estas dúvidas que nos fazem continuar. São estas dúvidas que nos fazem querer acordar todos os dias ao lado um do outro e dizer baixinho:
-Continuas a ser o amor da minha vida. – dizermos isto com a certeza absoluta de que as coisas são mesmo assim e que o contrário seria impossível. Porque na realidade ainda há finais felizes.
-Acreditas em finais felizes?
-Acredito. E tu?
-Digo-te e repito-te: és o meu final feliz."

Não há nada a acrescentar... 
Deixem-se contagiar em http://pedrodrigues.blogspot.pt/ .


O que não fica por dizer.

''Hoje direi de ti, de nós, tudo aquilo que não me é permitido gritar a alta voz;
 Direi que me és importante, extremamente importante
 Direi que o ar não me preenche quando não estás
 Direi que os dias são mais lentos e menos alegres sem a tua companhia
 Direi que sem os teus beijos minha boca perde o sorriso de que tanto gostas
 Direi que os meus olhos se fecham em copas na tua ausência, torturados de saudade de ti
 Direi que o meu corpo é inútil quando não envolvido no teu abraço apertado
 Direi que o silêncio da tua voz me dá ganas de chorar
 Direi que as minhas mãos ficam sem saber o que fazer quando não estão enlaçadas nas tuas."

 (Direi que sem ti, Inês não é Inês ; é sombra.
 Dir-te-ia tudo isto meu amor,sabes que to diria...
 Dir-te-ia tudo isto e mais, mas os carrascos do meu pai silenciaram-me a voz.
 A voz não, o coração.'') , Coimbra Apaixonada

Cafés para a vida


Na incerteza de um futuro esperamos apenas boas-novas, o sol a brilhar e um café para acompanhar. Não sabemos o que nos espera, e dá vontade de adiantar o calendário para saber como será o próximo natal ou o primeiro dia de Verão que há-de chegar... Está errado, não vale a pena desvendar os segredos que nos esperam, é melhor deixá-los aparecer a seu tempo para que nos surpreendam. É difícil saber se vão surpreender pela positiva ou não, mas acredito vivamente que as surpresas são pequenos momentos mágicos que têm de ser vividos com os olhos vendados no primeiro segundo e com um sorriso na cara o resto do tempo... A vida surpreende-nos a cada dia que passa, encontramos em nós qualidades que desconhecíamos, aparecem pessoas que nos metem um sorriso na cara, vivem-se momentos impensáveis e desejam-se pequenos nadas que fazem toda a diferença. 

Estou certamente em modo de espera, espero esses segredos, essas surpresas, essas pessoas, esses momentos e esses desejos... ''Preparo um café ou a vida inteira''?

Pertence-nos.


"Em Coimbra eu já senti saudade do que não tive.
Recordando-me das memórias falsas que nem tive tempo de criar, choro-as. Lembro-me apenas de descer a avenida e sentir no ar o orgulho de te ter.
Anseio por ti, permanecendo com o coração apertado, como um eterno apaixonado


De longe ou perto olho-te com a mesma ambição, Coimbra é minha e é tua. É de quem a tem no coração."

O que eu não sabia...



"Não precisas de ter todas as respostas. Não precisas de carregar o mundo nos teus ombros. Não precisas de pensar em tudo o que pode correr mal. Não precisas de provar nada a ninguém. Não precisas de ser especial. Não depende de ti ser o melhor. De ti depende apenas dares o teu melhor. Não precisas de lamentar relações falhadas ou como ninguém te percebeu. O passado já passou. O que fazes hoje é uma escolha tua. Não precisas de viver sem problemas. Não precisas que te corra tudo bem. Nada nem ninguém está responsável por te fazer feliz. Isso é trabalho para ti. A felicidade não é uma utopia, é uma coisa concreta para a tua vida.


Podes começar já hoje a viver mais feliz. É só começar. ''

Confissões de domingos à noite...


Biografias

''Joana é um ser muito especial. Todos os homens que a conheceram a desejaram, nem que tenha sido só por um dia ou uma noite. Qualquer um podia endoidecer com ela. Há mulheres assim. Eu amei-a assim que a vi. Acho que ainda a amo, mas nunca tive coragem para lho dizer.'' em Já ninguém morre de amor, por Domingos Amaral

O dom da palavra

Há pessoas que têm o dom de te enviar as palavras certas a qualquer hora...

''(...) Sara (...) que o amou muito e muito tempo, e que ele também amou, mas que perdeu porque, apesar de saber tudo sobre verbos nunca soube o significado de um deles, o verbo conservar, e nunca conseguiu viver naquela zona  que fica entre o princípio e o fim das coisas, que é o durante, e que é quase tudo o que importa.'' em Já ninguém morre de amor por Domingos Amaral

Do que precisamos

Somos mulheres. 
Gostamos e precisamos de amor e carinho. A mão dada na rua e um beijo na testa inesperado.
Gostamos e precisamos da magia, do friozinha na barriga e um chocolate quente com um 'bom dia' sorridente.
Gostamos e precisamos da sinceridade doce que nos faz sentir subir ao céu, para quando descermos com os pés assentes na terra sabermos que é de verdade.
Não precisamos de grandes presentes, gostamos de uma flor no fim de uma tarde de sol, de uma pulseira com um pendente que vai andar no pulso de dia e de noite, de uma moldura com uma foto para meter ao lado da cama e olhar para ela assim que o despertador tocar e nos mostrar que está alguém à nossa espera.
Simplicidade meus senhores, é o que pedimos.
Amor meus senhores, é o que precisamos.
Vocês meus senhores, é de vocês que nós gostamos, tal e qual como vocês são.

Felicidade




“Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro. Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos. Que as pessoas saibam falar, calar, e acima de tudo ouvir. Que tenham amor ou então sintam falta de não tê-lo. Que tenham ideais e medo de perdê-lo. Que amem ao próximo e respeitem sua dor. Para que tenhamos certeza de que: Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”

She's happy




"I hope he buys you flowers

I hope he holds your hand
Give you all his hours
When he has the chance
Take you to every party
Cause I remember how much
You love to dance
Do all the things I should've done
When I was your man
Do all the things I should've done
When I was your man"   Bruno Mars

Obrigada

Bom dia! Antes de mais, e porque acho que nunca o fiz, obrigada a todos! Obrigada por serem os meus confidentes, obrigada por lerem cada palavra que escrevo, obrigada desde sempre...
O meu blogue ao longo dos tempos foi-se tornando o meu melhor amigo, escrevi aqui, e para vocês, tudo aquilo que pensava, tudo o que achei que pudesse também ajudar-vos em algumas situações da vossa vida, e é por isso que estou aqui a escrever agora depois de tanto tempo sem publicar um texto, e embora ja tivesse pensado em apagar o blogue, não o farei porque também as tempestades fazem parte da nossa existência.
E são várias as coisas que quero contar-vos, são vários os conselhos que segui e que quero partilhar com vocês... Para começar, quem nunca olhou para trás com ternura, a pensar que não faz mal, que não faz mal olhar para o passado e conversar com ele, tentando resolver tudo o que se deixou no ar, e depois se arrepende porque percebe logo o porquê de algumas coisas terem ficado no passado? Eu sou assim, tenho de admitir, acredito sempre que as pessoas podem mudar para melhor, e ás vezes até mudam, mas nem sempre mudam como nós gostaríamos ou esperávamos, e embora não possa dizer que fico desiludida, fico apenas chocada por perceber que a vida não ensina todos da mesma maneira. E acreditem, ela precisa de vos ensinar, mas também é preciso que vocês a oiçam, nem sempre o que achamos melhor é realmente bom para nós.
Preciso de falar também noutro assunto, que até a mim que surpreende por ir confessar isto... Sou uma apaixonada pela escrita da Margarida Rebelo Pinto, e tenho por ela uma enorme admiração, mas por favor, se estão numa má fase da vossa vida (toda a gente passsa por algumas) não escolham para vossa companhia um dos seus romances! São lindos, comoventes, dramáticos, tudo o que um romance tem de ser, mas não é o vosso romance! As situações que estão a passar não podem ser comparadas ás que vão lendo, porque aí vão começar a pensar que ela está a contar a vossa história, e não está, embora por vezes existam algumas coincidências curiosas. Por isso, e se forem persistentes, fiquem-se pelo livro de crónicas que a escritora tem e esqueçam os restantes.
Mas talvez uma das coisas mais importantes que quero escrever para vocês, é o mais recente mandamento que escolhi para mim mesma: ''Todos os dias são bons dias para encarar a vida de uma maneira melhor.'',  e com isto quero dizer que se têm algo que vos incomode, que vos tira noites de sono, que vos atormenta e não vos deixa ser quem vocês são, esqueçam isso! Mas para esquecer é preciso conversar, é preciso compreender e é preciso querer. Digo isto porque sou uma pessoa que nem sempre gosta de esquecer, que pensa de dia e de noite, acredito até que a minha cabeça por vezes fala mais alto do que eu mesma, e fui percebendo que isso me prejudica, porque se não tivermos alguém na nossa vida que nos compreenda, que não nos diga que ''está tudo bem, não tem mal pensares assim'', vamos ficar prisioneiros dos nossos próprios pensamentos. A minha sorte é que tenho alguém assim, depois de tanto drama, tantos dias de tempestade encontrei tudo aquilo que sempre quis numa pessoa e mais ainda, e é a essa pessoa que tenho de agradecer por acordar com um sorriso no rosto, agradecer por ser uma pessoa feliz, concretizada, compreendida. É a essa pessoa que também tenho de agradecer por estar aqui agora a escrever tudo isto, porque nem tudo o que nos rodeia são problemas, nem tudo o que as outras pessoas dizem ou fazem é para nos magoar, e temos de saber distinguir isso, e acima de tudo, temos de saber não culpar os outros daquilo que achamos que as situações parecem ser, porque suposições há muitas, falta por vezes é a coragem para procurar a verdade. Eu já encontrei essa coragem e tenho vindo a ser persistente dum modo que não me ajuda a mim nem a quem me rodeia, mas também acho que ninguém me pode apontar o dedo por ter medo de perder o que de mais importante tenho na minha vida... é preciso, claro, haver um certo controlo, porque, vão por mim, pensar nas coisas é bom, mas pensar de mais é muito mau.
Bem, acho que já me alonguei, tão típico... mas só para concluir, não se esqueçam de quem é realmente importante na vossa vida, porque essas pessoas, também têm pessoas que são importantes na vida delas, ou já foram, e isso não se esquece, nem se apaga, e não as podem privar de tudo o que a vossa cabeça diz ser errado, porque por vezes, a nossa cabeça também se engana e é aí que nós vamos errar se continuarmos a fazer o que ela pensa. E não deixem que o medo vos comande a vida, porque vão estar sempre com receio do amanhã sem motivo para isso, portanto, caros confidentes, sejam felizes, façam quem vos rodeia felizes também e irão ver que tudo será melhor!
E não se esqueçam, ''Todos os dias são bons dias para encara a vida de uma maneira melhor''!
Joana
P.s: Esqueci-me de vos fazer um pedido, não tenham medo de dizer aquilo que sentem, mesmo que isso seja um ''não gosto'', ''não quero'', ''isso magoa'', ''adoro-te'', ''amo-te'' e para mim uma das coisas mais importantes que devem ser ditas, ''obrigada'', porque embora eu seja suspeita porque dou muito valor ás palavras e ao que é dito, haverão por aí muitas pessoas que gostariam de ouvir algumas destas palavras.